Keith Richards - Talk Is Cheap
Depois que cansei de escutar os guitarristas ''virtuose'', comecei a prestar um pouco mais de atenção em trabalhos mais ''humanos''... Digo, comecei a reparar em guitarristas de bandas, não que não fizesse isso antes, mas desta vez tentei aprofundar minhas observações.
Resolvi ir atrás dos discos solo destes respectivos guitarristas e vi que existe uma magia particular que circunda cada um dos que contemplei como objeto de estudo. Os caras podem não ser um Malmsteen da vida, mas possuem lá seus encantos.
Resolvi ir atrás dos discos solo destes respectivos guitarristas e vi que existe uma magia particular que circunda cada um dos que contemplei como objeto de estudo. Os caras podem não ser um Malmsteen da vida, mas possuem lá seus encantos.
O Rolling Stones foi uma banda que não despertou minha atenção logo de cara, me lembro que achava os guitarristas um tanto quanto ''básicos demais'', só cheguei a escutar os trabalhos do Mick Taylor e acabei deixando Keith Richards e seu compadre Ronnie Wood um pouco de lado nesse quesito.
Mas como todos sabem o mundo dá voltas e, num final de semana qualquer, estava dando um rolê pela internet até que escutei ''Talk Is Cheap'', o primeiro disco solo de Keith, surpreendente debutante lançado em 1988.
Quando finalmente baixei e posteriormente finalizei a audição do CD, confesso que me senti estranhamente revigorado... Pensei sobre isso durante algum tempo e até hoje não cheguei a uma conclusão, só tive que aceitar o óbvio: era o efeito Keith Richards.
Foi estranho cara, nunca tinha visto esta outra faceta de Keith. Lembro que apesar de não ter gostado dos Stones à primeira vista, que a imagem do guitarrista ficou na minha mente. O jeito como ele se movimentava no palco, como empunhava sua guitarra, as curvas desleixadas ao tocar...
Tudo isso causou muito impacto em mim sem dúvida alguma e depois que escutei o disco tudo fez sentido, mas ao mesmo tempo não fez sentido algum. Aperte play, você entenderá.
Tudo isso causou muito impacto em mim sem dúvida alguma e depois que escutei o disco tudo fez sentido, mas ao mesmo tempo não fez sentido algum. Aperte play, você entenderá.
Line Up:
Keith Richards (guitarra/vocal)
Sarah Dash (vocal)
Charley Drayton (baixo)
Steve Jordan (bateria/percussão/vocal)
Ivan Neville (piano/teclado)
Patti Scialfa (vocal)
Waddy Wachtel (guitarra)
Track List:
''Big Enough''
''Take It So Hard''
''Struggle''
''I Could Have Stood You Up''
''Make No Mistake''
''You Don't Move Me''
''How I Wish''
''Rockawhile''
''Whip It Up''
''Locked Away''
''It Means A Lot''
Comece a se aprofundar nas camadas de Keith cara, veja que existe ali uma ciência. O menino de sobrenome Richards criou riffs que 40 anos depois ainda perduram em zilhões de ouvidos ao redor do mundo. Sequências de notas auto colantes que neste trabalho solo são o prato principal.
As faixas começam e você vai para um lugar único, esqueça os Stones, aqui quem comando é o Sr. Richards meu camarada, sintam os vocais crus, a malandragem de ''Big Enough'' e a levada descompromissada de ''Take It So Hard'' e seu rotineiro riff no estilo ''vou ali e já volto'', marca registrada do guitar hero.
As faixas começam e você vai para um lugar único, esqueça os Stones, aqui quem comando é o Sr. Richards meu camarada, sintam os vocais crus, a malandragem de ''Big Enough'' e a levada descompromissada de ''Take It So Hard'' e seu rotineiro riff no estilo ''vou ali e já volto'', marca registrada do guitar hero.
O disco passa rápido, trata-se de uma tour pelas influências do guitarrista. Enquanto ele desvenda o caminho das pedras de seu Blues, você perde o rumo e já nem lembra mais de prestar atenção nos riffs. Toda vez é a mesma coisa... Como pode? Parece simples (e de fato é), mas vai lá tentar... Foi exatamente esssa a maior lição que esse cara ensinou para o mundo: simplicidade é a alma do negócio, com um riff igual o de ''Struggle'' não precisamos nem de solo!
É uma cozinha interessantíssima, a voz de Keith me agradou bastante e o vocal de ''I Could Have Stood You Up'' é um dos melhores do disco. O tempero aparece com aquela pegada meio anos 50 arrebatadora, que se desvencilha prematuramente de seus ouvidos com o feeling de ''Make No Mistake''. Embala a noitada com um dos singles do album, a bela ''You Don't Move Me'' e seus mistérios para tanta criatividade.
Talvez seja um dom. Talvez Keith tente colocar nas linhas o reflexo de sua vida conturbada, povoando os riffs mais grudentos para sua terapia espiritual. Um relaxamento diferente confesso, mas as cicatrizes do velho guerreiro ainda estão ai e sua cabeça continua crackeando as antenas com mastria, afinal de contas como ele mesmo diz: ''sua cabeça precisa captar os sons'', mas duvido que você consiga rastrear um antes do mestre.
E quando você acha que tinha alguma coisa surge ''How I Wish'' e os teclados picantes de Ivan Neville, fluxo de notas que cria-e-administra um som que chega manso como quem não quer nada, mas que sai imponente limpando a mesa... Talvez seja este o segredo, casualidade?!
''Whip It Up'' surge e as dúvidas só aumentam. Passamos pela excentricidade romântica de ''Locked Away'' (tema que faz seus ouvidos desistirem de procurar respostas), e culminamos perdidos, com o norte quebra ao som de ''It Means A Lot'', jam que nos mostra que ''Keef'' é um elemento que não precisa necessariamente possuir algum sentido, ele apenas anda por aí, como um ícone.
O enigma é indestrutível, ninguém sabe qual é o segredo do cara. Seriam as afinações ortodoxas, o anel, o bracele, a bandana... Não temos um veredito, o fato é que é um belo disco e suas composições seguiram planando por aí.
0 comentários: